Lembre-se de alguma vez que você estava em um bar. De repente, você vê uma pessoa linda, alguém por quem se sente atraído ou atraída, e com quem quer conversar. O que você faz?
Alguns “super-humanos” simplesmente vão lá e conversam com a pessoa. Mas eu, provavelmente, logo pensaria: “Por que essa pessoa iria querer falar comigo? Ela parece boa demais para mim. Sobre o quê nós falaríamos? E se ela me rejeitar?”.
Você já teve a mesma experiência?
Pensamentos e sentimentos como timidez, baixa autoestima e medo de rejeição são dolorosos. São coisas das quais queremos escapar. Mas, em um bar, existe uma “solução”: álcool.
Começamos a beber. Tomamos um gole e a tudo parece ficar um pouco mais fácil. Mas aquela pessoa incrível ainda parece inatingível. Então, tomamos outro drinque, e mais outro. Os pensamentos dolorosos de timidez, baixa autovalorização e medo de rejeição são afastados gradualmente. Depois de algumas bebidas, podemos fazer nossa tentativa. Com as pernas um pouco bambas, caminhamos até a pessoa. Talvez ele ou ela nos rejeite. Talvez a pessoa ache nosso jeito de caminhar engraçado. Mas o importante é que nossos pensamentos e sentimentos dolorosos desaparecem temporariamente.
Nosso cérebro descobriu uma maneira de se livrar da dor! É claro que isso é viciante. O que você acha que acontecerá da próxima vez que entrarmos em um bar? Você acha que começaremos a beber mais rápido? A cada vez que fazemos isso, fortalecemos a conexão entre o álcool e alívio da dor. Quanto mais fortes forem as emoções envolvidas, mais rápido o cérebro aprenderá.
Acreditamos que o jogo funciona da mesma maneira!
Entusiasmo, antecipação e otimismo são sentimentos que levam as pessoas a começar a apostar. É divertido jogar, mas um dos sinais de vício em apostas é continuar jogando, mesmo quando se está perdendo. Isso libera toneladas de dopamina, e a dopamina é ótima.
Pense no exemplo do bar. Mas, em vez de álcool, usamos o jogo. O que você acha que aconteceria com sentimentos dolorosos como solidão, timidez, baixa autoconfiança e estresse quando uma pessoa joga?
É provável que os sentimentos alegres adormeçam os sentimentos dolorosos.
As apostas têm o mesmo efeito que o álcool, e o cérebro cria uma conexão semelhante. A cada vez que jogamos, essa ligação se fortalece.
Se uma pessoa com dor sente um impulso para apostar, então ela é viciada em jogos.
Para parar de jogar, é essencial entender o que o jogo está fazendo por você. Você aposta para ganhar muito? Ou porque gosta das apostas para passar o tempo?
Frequentemente falamos sobre os aspectos negativos dos jogos de azar, em como o jogo pode destruir relacionamentos, causar dívidas e criar auto-ódio. Mas se o jogo só infligisse coisas ruins, pararíamos assim que os sentimentos negativos ganhassem dos positivos.
NEGATIVO > POSITIVO
Mas os viciados em jogos não param, porque o jogo faz algo por eles.
Uma forma de entender o que o jogo faz por você é se perguntar:
- O que acontece quando eu jogo?
- O jogo cria um momento de paz?
- Em que eu penso e como me sinto?
- Em que eu NÃO penso e o que eu NÃO sinto?
Doe tempo para responder essas perguntas. Elas podem ser a chave para uma recuperação bem-sucedida. As respostas ajudarão você a entender o que precisa fazer para se libertar do vício.
Alguns depoimentos de nossos membros:
“Muitas vezes, me sinto solitário quando minha esposa está trabalhando até tarde. O jogo tem sido uma fuga disso. Quando jogo, esqueço que me sinto solitário.”
//Thomas
“Sou uma mãe que fica em casa. Cuido das crianças o dia todo. Cozinho, limpo, levo as crianças para atividades esportivas e faço compras. Estou estressada o tempo todo. O jogo se tornou uma distração, uma maneira de eu relaxar. Meu momento. Ao jogar em caça-níqueis, não me sinto estressada. Tornou-se minha fuga.”
//Michaela
“Comecei a jogar quando era estudante. A princípio, pensei que poderia gerar uma renda extra, mas só perdi dinheiro. Continuei jogando, embora não soubesse por quê. Anos depois, percebi que o jogo me distraía quando me sentia ansioso em relação aos meus estudos e por duvidar de mim mesmo.”
//Mihai
Ao responder à pergunta “O que o jogo faz por você?”, pode ser mais útil focar no que você não sente e não pensa. As pessoas têm dificuldade para parar de jogar porque apenas tentam ficar longe do jogo.
Mas isso acaba não ajudando em nada porque o jogo é tão atraente, em primeiro lugar! É preciso, ainda, saber distinguir entre o prazer e felicidade em relação aos jogos de azar — será que você não se apega demais ao prazer momentâneo das apostas?
Você acha que o Thomas jogaria menos se ele não se sentisse solitário no período da noite? E a Michaela, se ela encontrasse uma maneira melhor de lidar com o estresse? Ou a ansiedade do Mihai?
O que acontece quando você aposta?
Pense sobre isso nos próximos dias e escreva a resposta. Depois, volte e comece a trabalhar nessas questões. É exatamente para isso que desenvolvemos os cursos e artigos.
Boa sorte!